20.5.13



descemos a estrada em familia
quatro sombras adentro do automóvel
tudo não chega
a ser gutural,
é apenas interiorano
e segue.
não vamos mais que isso
agora
quatro moitas ao lombo
dos estofados,
a mãe o pai a irmã e eu

ouço a cantora lírica sem escrúpulos
a cantora lírica
todos ouvem como escapa
tácita e colorida
dos meus fones de ouvido


a estrada é longa 
nem tanto
não sei contar os faróis vermelhos
como vagam
não sei contar
como nos observam
aos pares
esteios ambulantes
tão misturados e desaparecendo
mas sempre aos pares
olhos saturados de os sabermos
a  olhar tanto para trás, e a voz
a mesma, vala 
descendendo a estrada como quem
roça uma antecipação


um filme mal 
começa já nos damos 
conta de que  é um filme
pela escala de movimentos consolados
pelo jeito como pelejam 
os focos de luz
para ficarem meros borrões
adornando a tal da antecipação
vasto rodeio que siga, tantas vezes 
me parecendo
uma linha contínua e quando menos ruma
a estrada vemos a lua 
de outra angulação:
desvio novo





Nenhum comentário:

Postar um comentário