8.5.13

abano

um amigo de nome estranhíssimo. chamá-lo
e ter certeza de que aquilo
que se chama não é
o amigo

mas o próprio nome estranhíssimo
reverberando um réptil esbarra
numa quina de móvel e some
antes de chegar aos ouvidos
do amigo

sobra
o mármore errado de silêncio
e o nosso amigo aparentemente incomunicado
e no entanto
era tudo o que queríamos

foi tanto barulho que ele se vira para ver
o que houve e lá estamos

todos os nomes são estranhíssimos
se são os nomes de um nosso amigo
e se o chamamos pra ver seu rosto

quando isso dá certo
também é estranhíssimo
principalmente quando dá certo
várias vezes

parecemos de posse
de um privilégio miraculoso
comparável ao de quem errasse sempre ao discar o número
e que agraciado pelo ato-falho falasse sempre
com quem realmente quisesse sem querer

dá um fôlego novo quando isso dá certo,
e no entanto sempre soubemos

que chamar pra perto
é  o primeiro e mais estranho
dos abandonos

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